quarta-feira, 27 de abril de 2011

- Quero colo. Estou de malas prontas. Pensava em fugir de casa. Quando reparei, queria mesmo era fugir de mim. Fugir do que guardei, fugir de quem fui. Não vou desfazer as cicatrizes, elas são parte do que sou. Quero que o cheiro doce das flores invada meu quarto, me faça desistir de fugir de novo. Quero só um colo. Um mimo. Quero que alguém desfaça minhas malas e peça para que eu não fuja. Quero ficar, quero ter motivos pra estar. Não penso mais nessas coisas de solidão. Minha casa me deixa sozinha. Quero um lar. Quero não ter mais essas marcas, não quero mais sentir a minha pele queimando enquanto eu sopro. Estive errando, troquei os passos. Não quero que me digam que eu estava errada. Não quero que me apontem, não quero que me firam. Nem mesmo que me vejam ferida. Por isso pensei em fugir. Não tenho para onde ir, pensei em bater a sua porta. Voltei no meio do caminho. As malas estão realmente pesadas, estou partindo para longe. Não posso correr, não posso andar depressa. É difícil agüentar a bagagem. Afinal, pra que tanta bagagem? Nem mesmo tenho planos. Só não quero encarar mais minha bagunça, meus rabiscos na última folha do caderno. Só não quero encarar mais a minha carência em frente ao espelho. Quero colo, quero consolo. Quero que a chuva caia e disfarce meu suor e minhas lágrimas. Quero deixar as malas no chão e finalmente correr. Você levaria as malas pra mim?

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